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Todos os anos, estima-se que um terço dos alimentos produzidos em todo o mundo seja desperdiçado. Na União Europeia, este número traduz-se em mais de 58 milhões de toneladas de alimentos que acabam por ser deitados fora, um impacto que vai muito além das perdas económicas: é uma questão com graves consequências ambientais, sociais e energéticas.
Assinala-se hoje o Dia Mundial da Alimentação, uma data que convida à reflexão sobre os nossos hábitos de consumo e sobre o peso real do desperdício alimentar no equilíbrio do planeta. A propósito desta efeméride, a Associação de Bioenergia Avançada (ABA) relembra que combater o desperdício alimentar é também uma forma de gerar energia limpa e circular, através da transformação de resíduos em recursos, o que contribui ativamente para uma economia mais sustentável.
1️⃣ Do prato para o tanque de combustível: quando o desperdício se transforma em energia
A bioenergia avançada é uma das soluções mais sustentáveis para a descarbonização do país, mas pouco ainda se fala sobre o potencial energético que existe nos resíduos alimentares e, em particular, nos óleos alimentares usados (OAU). Estes subprodutos, quando corretamente recolhidos e tratados, podem ser transformados em biocombustíveis avançados. Através de processos tecnológicos inovadores, é possível convertê-los numa alternativa renovável que, face aos combustíveis fósseis, reduz as emissões de CO₂ até 90%.
Desde a recolha nos oleões municipais e industriais, passando pelo tratamento e refinação, até à sua utilização em frotas rodoviárias, transportes públicos ou aviação, a transformação dos OAU em biocombustíveis avançados constitui uma importante cadeia de valor sustentável.
2️⃣ Pequenos gestos podem traduzir-se em grandes impactos
Separar e entregar os óleos alimentares usados nos pontos de recolha adequados é um gesto simples, mas com impacto real. Os óleos alimentares usados podem ser reciclados e utilizados na produção de combustíveis mais sustentáveis para transportes e indústrias. De acordo com o nosso último relatório anual, só em 2024, este subproduto representou 22% da matéria-prima utilizada na produção nacional destes combustíveis, refletindo assim a sua crescente importância para a diversificação da matriz energética.
Além disso, a correta gestão destes resíduos evita a contaminação da água e dos solos — um litro de óleo pode poluir até um milhão de litros de água se for descartado incorretamente.
3️⃣ Uma economia mais circular pode começar em casa
O combate ao desperdício alimentar e a valorização dos resíduos orgânicos fazem parte de uma mesma visão: construir uma economia mais eficiente, circular e resiliente. Na ABA, acreditamos que este compromisso com o ambiente representa um dos pilares da bioenergia avançada. Ao transformar o que antes era considerado desperdício em recurso, estamos a promover um modelo energético mais limpo, sustentável e próximo das comunidades.