Num ano marcado por avanços, mas também por alguns recuos e incertezas geopolíticas, torna-se cada vez mais urgente reforçar o compromisso coletivo com a transição para uma sociedade neutra em carbono. Neste percurso, a bioenergia avançada assume um papel essencial. Para além de oferecer uma resposta sólida e eficaz às metas climáticas, traz soluções concretas para valorizar resíduos, reduzir emissões e fortalecer a economia circular em Portugal.
Neste artigo, destacamos três elementos-chave que definem a bioenergia avançada, alinhados com as conclusões do mais recente relatório anual da ABA e que demonstram o dinamismo de um setor em crescimento:
A bioenergia avançada diferencia-se das restantes soluções energéticas por transformar resíduos - quer sejam agrícolas, florestais, urbanos ou industriais - em energia limpa e renovável. Subprodutos e outros excedentes que antes seriam descartados incorretamente, passam a poder fazer parte integrante da cadeia de valor, contribuindo para um ciclo de produção fechado e para a criação de valor económico e ambiental.
Esta abordagem, cada vez mais presente tanto no perfil dos produtores como no dos consumidores, alia inovação tecnológica a uma lógica de aproveitamento eficiente, em plena sintonia com os princípios da economia circular. Em 2024, as matérias-primas avançadas representaram 68% do total utilizado na produção nacional de biocombustíveis, confirmando, assim, a maturidade crescente do setor e a sua capacidade de responder às metas de descarbonização com soluções sustentáveis e escaláveis.
Enquanto vetor estratégico de uma transição energética segura, a bioenergia avançada oferece alternativas reais e de impacto imediato face aos combustíveis fósseis. Através da produção de biocombustíveis líquidos e gasosos, setores de difícil eletrificação, como os transportes pesados, a aviação e o setor marítimo, conseguem assegurar uma alternativa viável e crucial para a redução das emissões de GEE. Prova disso é que, em 2023, a bioenergia avançada foi responsável por cerca de 88,2% das emissões de CO₂ evitadas neste segmento — um indicador direto do seu contributo para a política de descarbonização.
A bioenergia avançada é uma oportunidade com impacto em várias frentes. Por um lado, ajuda a reduzir a dependência de importações fósseis e a reforçar a nossa autonomia energética; por outro, dinamiza as economias locais, envolvendo agricultores, indústrias e municípios num esforço conjunto de inovação e sustentabilidade. Cada projeto ou unidade de produção traduz-se em mais emprego, mais investimento e desenvolvimento regional, tornando o país mais preparado para enfrentar os desafios da transição energética.
A bioenergia avançada não é apenas mais uma alternativa energética. É uma peça essencial do puzzle que combina descarbonização, economia circular e inovação. Portugal tem condições para liderar esta transição, mas, para tal, é essencial garantir maior estabilidade regulatória, incentivar o investimento e promover literacia energética junto de empresas e cidadãos.
Na ABA, acreditamos que apostar na bioenergia avançada é apostar num futuro mais sustentável, competitivo e resiliente. É transformar os resíduos de hoje na energia limpa de amanhã. E é, sobretudo, confiar que juntos podemos construir um legado positivo, deixando às próximas gerações um mundo melhor e mais equilibrado.