5/30/2022

Entrevista PRF "vejo uma Europa mais verde, com uma maior produção de energias renováveis e uma maior independência energética."

Iniciou o seu percurso na PRF no departamento da manutenção, há três anos e meio, mas passado pouco tempo foi convidado a integrar a gestão de projetos de postos de abastecimento de veículos a gás natural (GNL e GNC). Durante este período esteve envolvido em mais de 20 projetos, desde a idealização até ao comissionamento.

Para conhecer a PRF, a operar desde 1991, falámos com o Gestor da Unidade de Negócios de biogás e biometano, Telmo Oliveira.

Qual a estratégia da PRF para a transição energética? Que projetos estão a desenvolver nesse âmbito?

A nossa estratégia passa por apostar muito em combustíveis verdes. Já temos vários projetos feitos na área do hidrogénio verde, tanto para abastecimento de imóveis como para abastecimento de veículos. Além do hidrogénio também pretendemos continuar a fazer projetos de aproveitamento de biogás e biometano, que são de grande interesse porque, para além de se valorizar resíduos que de outro modo seriam tratados como lixo comum, combatendo a vertente ambiental, também contribuem bastante para a descentralização da produção de gás natural, diminuindo a dependência energética de fontes externas.

Na vossa visão, qual o papel dos biocombustíveis de resíduos e outros avançados na transição energética?

Os biocombustíveis avançados têm um papel importantíssimo na transição energética, não só pela descentralização da produção de combustíveis e redução da dependência energética de fontes externas, mas também devido ao facto de que a eletrificação de veículos de longo curso, seja na área rodoviária, marítima, ou aeronáutica, não vai acontecer em curto ou médio prazo.

Que impacto preveem que pode ter, em termos ecológicos, o aumento da incorporação destes biocombustíveis?

Julgo que como tudo, esse aumento tem que ser feito com moderação. Os biocombustíveis requerem resíduos para a sua produção. Enquanto esses resíduos estiverem disponíveis naturalmente e forem aproveitados para a produção de biocombustíveis, é um cenário ideal visto que valorizamos os resíduos que de outro modo não teriam valor. Agora, quando esses resíduos já não existam em abundância e começar a ser necessário desflorestar matas e florestas para a plantação de cereais e outras matérias para a produção dos combustíveis, na minha opinião, é necessário ter em consideração o peso que esta ação tem.

Qual a visão da PRF para a mobilidade daqui nos próximos anos?

Atualmente, o mercado da mobilidade está muito indefinido. Há uns anos atrás quando íamos comprar um carro só podíamos escolher se o queríamos com um motor diesel ou a gasolina. Neste momento, para além desses dois, temos os híbridos, híbridos plug-in, elétricos, bi-fuel, GNC, hidrogénio, etc. Na nossa opinião é lógico que o mercado está a mudar, e sem dúvida que os veículos elétricos cada vez têm mais significado neste mercado, mas é arriscado dizer com certeza qual será o caminho a ser seguido quando nem os próprios fabricantes têm essa certeza.

Como vê o setor energético em Portugal e na Europa daqui a 10 anos?

Vejo uma Europa mais verde, com uma maior produção de energias renováveis e uma maior independência energética. As metas já existiam, mas a crise que a guerra na Ucrânia está a gerar, fez com que as empresas se focassem muito mais no tema e acelerassem todos os projetos que já tinham em curso, bem como a criação de novos projetos para que cada país da Europa consiga atingir essas metas.