8/26/2021

Neutralidade carbónica em 2050: o contributo dos casos de sucesso internacionais

Numa altura em que se intensifica a procura por alternativas aos combustíveis fósseis, muitos são os esforços levados a cabo em todo o mundo para viabilizar soluções que contribuam para a transição energética.

Com a ambição de contribuir para uma mobilidade mais verde em Portugal, inspiramo-nos nos casos de sucesso a nível internacional, que reforçam a nossa convicção de que é sempre possível ir mais longe. Não será preciso ir a um país altamente evoluído a nível tecnológico para encontrar alguns modelos de referência. Na verdade, encontramos projetos implementados já no cruzar da fronteira, em Espanha, e do outro lado do oceano, nos Estados Unidos da América. Casos de sucesso que demonstram que é possível mover quase a totalidade de uma frota de autocarros a biocombustível, ou como aumentar a incorporação de bioetanol na gasolina, nos veículos comuns.

Começando pelo que está mais perto a nível geográfico, em Bilbao, 106 dos 148 autocarros da cidade são movidos com B10, um nível de incorporação 3% acima do que se verifica na maioria das frotas em Portugal, com exceção dos projetos piloto da Prio com a Carris e da VALPI Bus. Um pouco mais abaixo, em Córdoba, o Plano de Mobilidade Urbana Sustentável frisa a importância de sensibilizar a população para o impacto dos biocombustíveis, anunciando a intenção da província de Bujalance adquirir pequenos autocarros com o objetivo de os mover a B100 (100% biodiesel e 0% combustível fóssil), um passo significativo na descarbonização dos transportes coletivos da região.

Do outro lado do oceano, nos Estados Unidos da América, já é possível abastecer o carro com uma mistura de combustível com 15% de etanol em mais de 30 Estados, tendo já permitido aos consumidores percorrer mais de 33 mil milhões de quilómetros. O último Estado a entrar neste grupo foi o Oregon, que seguiu os passos do Nevada e aprovou a comercialização de E15, estando agora um passo à frente no processo de transição energética nos transportes, promovendo uma solução mais amiga do ambiente. Enquanto isso, em Portugal, os postos de abastecimento já disponibilizam uma incorporação elevada de bioetanol, mas, ainda assim, fica-se apenas pelos 10%, no máximo, que, em alguns países, como a Suécia, já é o mínimo standard.

Ainda dos Estados Unidos, desta vez em Illinois, chega-nos a esperança de que um dia também em Portugal será possível os pesados de mercadorias serem alimentados a100% por biocombustível (B100). Isto porque, em fevereiro deste ano, um mês de temperaturas frias recorde no país, ficou provado que o frio não limita o desempenho do biodiesel. Mesmo com temperaturas abaixo dos -20°C, a frota de camiões da ADM, que se move a B100, percorreu mais de 37 mil quilómetros, sem registo de problemas. Estes veículos fazem parte de um programa piloto cooperativo, anunciado no ano passado, para demonstrar aviabilidade de um sistema que permite que os motores a diesel convencionais suportem B100 numa ampla variedade de climas.

Com isto, podemos compreender que, desde o transporte coletivo até aos veículos para transporte individual, passando pelos pesados de mercadorias, os biocombustíveis são a solução presente para alcançar a neutralidade carbónica do futuro e que a maior incorporação de biocombustível são soluções reais, possíveis e com provas dadas nos mais diferentes contextos.

Como podemos e devemos incorporar nas medidas a implementar em Portugal? Está nas nossas mãos.