10/8/2021

Jornal Económico: "Biocombustíveis de resíduos permitem reduzir emissões de CO2 em mais de 83%"

Os biocombustíveis de resíduos e outros avançados, ou seja, produzidos a partir de matérias-primas residuais, permitem uma redução de emissões de CO2 que podem chegar aos 98%, quando comparados com os tradicionais combustíveis fósseis. Esta é uma das conclusões reveladas na na primeira edição do relatório “Descarbonizar a mobilidade hoje: o papel da bioenergia avançada”, divulgado, esta terça-feira, pela Associação de Bioenergia Avançada (ABA).

O mesmo relatório mostra que, só em 2020, ano que se pode considerar o “ano zero” desta indústria, foram produzidos cerca de nove milhões de litros biocombustíveis avançados, que permitiram reduzir em igual número as importações de petróleo e poupar à balança carbónica nacional cerca de 25 mil toneladas de CO2.

O estudo chega numa altura em que os países da União Europeia estão a transpor a Diretiva das Energias Renováveis (RED II) para a sua legislação. O documento analisa os dados da balança energética do país em 2019 e conclui que os biocombustíveis são, de entre as fontes alternativas aos combustíveis fósseis, a mais utilizada, cerca de 83%.

Para impulsionar esta indústria e dar significativos passos na transição energética do país, a ABA identifica três estratégias emergentes para Portugal. Entre elas o aumento da meta de incorporação de renováveis no transporte para 11%, que atualmente se encontra nos 10%;.

A ABA pede ainda que seja respeitada a incorporação mínima obrigatória de 0,5% de biocombustíveis avançados, isto é, produzidos a partir de matérias-primas de resíduos e de outras tecnologias, que constam da parte A do anexo IX da diretiva RED II, e, por fim, a isenção de fornecedor de serviços de Internet (IPS) nas incorporações físicas de biocombustíveis avançados.

“Para que Portugal consiga atingir a neutralidade carbónica até 2050, será necessário reduzir entre 85% e 90% as emissões de gases de efeito estufa, o que só será possível recorrendo a alternativas que permitam entre outros, mudanças muito rápidas no perfil de consumo energético no setor dos transportes”, explica a secretária-geral da ABA, em comunicado. “É aqui que os biocombustíveis de resíduos e outros avançados se posicionam como a solução mais imediata, visto que são incorporados nos combustíveis que já utilizamos, distribuídos através de infraestruturas existentes (oleodutos, tanques, mangueiras), disponíveis nos postos de abastecimento que já utilizamos, movendo os veículos que já temos”.

Jéssica Sousa
Jornal Económico

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