7/9/2020

Revista Pesados & Mercadorias: Entrevista com a Secretária-Geral da ABA, Ana Calhôa

Os biocombustíveis avançados têm inúmeras vantagens para uma rápida e justa transição energética nos transportes, sendo esta a fonte renovável mais eficaz para uma mobilidade sustentável.

"Desde logo os biocombustíveis avançados têm efeitos mais imediatos do que outras fontes renováveis, quer do ponto de vista económico quer do ponto de vista de reduções de emissões de gases de efeito de estufa, com a vantagem de não serem necessários investimentos nas infraestruturas. Em simultâneo, valorizamos os resíduos, pois estes biocombustíveis avançados utilizam matéria-prima residual, tal como os óleos alimentares usados, RSU, gorduras animais, biomassa, óleos de ETARs, resíduos industriais e tantos outros, evitando assim poluir os cursos de água e o ambiente em geral. Ou seja, estamos a incorporar resíduos num novo ciclo produtivo, alargando o seu ciclo de vida e a mudar assim o paradigma da economia da energia, passando da economia linear para a economia circular”.

Os biocombustíveis avançados podem contribuir de forma mais rápida para a redução da dependência energética de Portugal, e em maior escala para a redução das importações e consumo de petróleo e seus derivados, do que as outras alternativas, “enquanto o país implementa as medidas para o desenvolvimento de mobilidade elétrica e do hidrogénio, que são os principais vetores para a descarbonização, apontados pelo governo. Ao mesmo tempo reduz-se a utilização de óleos virgens e promove-se um conjunto de efeitos colaterais positivos resultantes da recuperação, reaproveitamento e revalorização das matérias-primas residuais. Existem várias formas de o fazer, mas considero que a mais importante é o aumento das misturas mais ricas em biocombustíveis. Atualmente a incorporação de biocombustíveis nos combustíveis fósseis, está limitada tanto pela legislação referente aos biocombustíveis como pela legislação referente às especificações de qualidade dos combustíveis ao consumidor”, explica Ana Calhôa.

“Faz ainda mais sentido esta opção estratégica de uso responsável dos recursos renováveis já existentes, tendo em conta a crise económica criada pela Covid-19. A bioenergia é a fonte renovável com capacidade de ultrapassar esta crise, podendo continuar a apostar na transição energética e contribuir para o cumprimento de metas europeias. (...) Acreditamos que os combustíveis líquidos continuarão a ser a principal alternativa, durante o período de implementação da mobilidade elétrica e do hidrogénio, como fonte de energia no setor dos transportes, sendo, por isso, necessário continuar a investir no desenvolvimento de biocombustíveis avançados, para promover uma política sustentável de descarbonização do setor dos transportes.", afirma.

"O caminho rumo à descarbonização nos transportes tem necessariamente de passar pela aposta na bioenergia, onde existem inúmeras soluções que promovem simultaneamente a economia circular. Os biocombustíveis avançados estão identificados no Plano Nacional Energia e Clima 2030, como uma das linhas de ação para a descarbonização, sendo hoje a que mais contribui para o cumprimento das metas das renováveis em Portugal”, esclarece.

"As empresas deste setor apoiam uma política ambiciosa em matéria de descarbonização, estando dispostas a dar o seu contributo para que Portugal lidere a transição energética na Europa, assumida no âmbito do Acordo de Paris.

Portugal está na trajetória correta para o cumprimento dos compromissos ambientais nos transportes, sendo necessário continuar a investir no desenvolvimento de biocombustíveis avançados, para promover uma política sustentável e contínua de descarbonização do setor, desenvolvendo a economia circular do país” conclui.

Para consultar a publicação completa, aceda ao site da Revista Pesados e Mercadorias.

Ana Paula Oliveira
Pesados & Mercadorias - Agosto/Setembro 2020 - Nº 19

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